Avó, mãe e neta fogem de Cuba para se refugiar em Foz do Iguaçu; cidade recebeu 475 solicitações de refúgio em 2024
20/06/2025
(Foto: Reprodução) Cubanos representam quase metade das solicitações de reconhecimento como refugiados na cidade. Foz do Iguaçu está entre as cidades que recebem mais refugiados
A cidade de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, tem se consolidado como um dos principais destinos para pessoas que buscam refúgio no Brasil, fugindo de perseguições, conflitos e crises humanitárias.
Entre os refugiados está uma família cubana composta por três gerações: avó, mãe e neta. As três desembarcaram em Foz no início de junho e já deram entrada no pedido de refúgio ao governo brasileiro.
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Se aprovadas, terão direito a acessar serviços básicos, como emissão de Comprovante de Pessoa Física (CPF), matrícula em escola pública, atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e obtenção de carteira de trabalho.
Atualmente, a família está abrigada em uma unidade de acolhimento de imigrantes.
“Eu disse: eu vou! Porque elas são jovens, têm uma profissão. Minha neta está crescendo e não quero que cresça assim, com tanta pobreza, necessidade e miséria”, afirma a avó, Ofélia Casana Rodriguez.
Família veio de Cuba para buscar refúgio no Brasil.
RPC Foz do Iguaçu
A filha dela, Evelyn Fong Casanas, conta que a situação da família em Cuba era insustentável. “Lá os alimentos e medicamentos estão em falta. Tem pessoas morrendo por essas razões. Saímos porque pensamos na minha filha, que é pequena”, diz.
Em 2024, Foz do Iguaçu registrou 475 solicitações de reconhecimento da condição de refugiado, segundo o Sistema de Registro Nacional Migratório (Sismigra).
Cuba lidera o número de pedidos, com 230 registros, seguida por Líbano (99) e Venezuela (66).
Aumento de imigrantes em Foz
Segundo William Laureano, associado de proteção da Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Foz do Iguaçu cumpre um papel estratégico no acolhimento de pessoas refugiadas.
“É uma região com bastante oferta de emprego e acaba sendo um ponto de chegada e também de passagem para outros destinos”, explica Laureano.
O número de imigrantes na cidade vem crescendo. Em 2024, Foz foi o 11º município brasileiro com maior volume de solicitações de documentação migratória, com 2.477 registros. Paraguaios (1.245) e venezuelanos (544) lideram os pedidos.
No entanto, os dados também apontam um número significativo de pessoas vindas de regiões em que o governo brasileiro reconhece haver situação de grave e generalizada violação de direitos humanos.
Só no ano passado, 5 sírios e 43 haitianos tiveram documentos emitidos na cidade, segundo dados do Sismigra.
De janeiro a março de 2025, Foz já contabilizou 174 novos pedidos de reconhecimento da condição de refugiado.
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Contexto humanitário
O crescimento na chegada de refugiados a Foz do Iguaçu ocorre em um momento em que o mundo volta as atenções para o tema.
O Dia Mundial do Refugiado, celebrado em 20 de junho, reforça a importância de garantir o direito dessas pessoas à proteção internacional e à inclusão social nos países de acolhida.
Além de Cuba, países como Líbano, Venezuela, Síria e Rússia estão entre os principais locais de origem dos solicitantes de refúgio em Foz.
Jesus Alberto León, venezuelano que conseguiu o reconhecimento como refugiado em 2016, hoje cursa Relações Internacionais na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).
“Eu tomei a decisão devido à situação crítica que a Venezuela estava enfrentando. Vim para o Brasil com minha família”, conta.
Jesus diz que o acolhimento em Foz foi positivo. “A gente sabe que tem muitas pessoas que sofrem xenofobia e preconceito, mas eu sempre fui muito bem recebido no Brasil”, afirma.
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