Pesquisa revela que fêmeas de chimpanzé dominam grupos ao se se unirem para resistir à violência dos machos
29/04/2025
(Foto: Reprodução) Segundo os autores do estudo, esse comportamento é uma das raras situações no reino animal em que a colaboração entre fêmeas permite que elas se sobressaiam aos machos. Esta imagem fornecida por Martin Surbeck mostra uma bonobo fêmea sendo cuidada por outra no Congo
Martin Surbeck/Kokolopori Bonobo Research Project via AP
Pesquisadores tentavam descobrir por que os bonobos, a espécie de chimpanzé mais próxima dos humanos, vivem em sociedades dominadas por fêmeas — mesmo que os machos sejam maioria. Depois de anos de observação, eles encontraram a resposta: elas se unem para impedir a agressão dos machos.
A descoberta é fruto de uma pesquisa baseada em trinta anos de observação da organização social dos bonobos no Congo, único lugar onde essa espécie, ameaçada de extinção, é encontrada na natureza. O estudo foi publicado na última semana na revista científica Communications Biology.
➡️Os bonobos são grandes primatas que vivem em sociedades dominadas por fêmeas, uma raridade entre os mamíferos.
Durante a observação, os pesquisadores notaram que isso acontece pois:
Quando um bonobo macho sai da linha, as fêmeas próximas se unem para atacá-lo ou intimidá-lo.
Em grupos, as fêmeas conseguem expulsar os machos das árvores, garantindo comida para si mesmas — algo surpreendente, já que os machos são fisicamente mais fortes.
Em grupo, elas conseguem impedir a violência de machos e se proteger.
Elas se unem mesmo quando não têm laços estreitos, apoiando-se mutuamente contra os machos e consolidando sua posição social.
➡️ De 1993 a 2021, os pesquisadores observaram 1.786 casos de um macho iniciando uma briga com uma fêmea. Exemplos incluíam comportamento agressivo com uma fêmea ou seu filhote, ou monopolização de alimentos. Em aproximadamente 61% dessas brigas, a fêmea se uniu a outras fêmeas e saiu vitoriosa.
Esta imagem fornecida por Martin Surbeck mostra bonobos descansando em uma árvore caída no Congo
Martin Surbeck/Kokolopori Bonobo Research Project via AP
Segundo os autores do estudo, esse comportamento é uma das raras situações no reino animal em que a colaboração entre fêmeas permite que elas se sobressaiam aos machos.
As fêmeas perceberam que, quando se juntam em número maior, o grupo consegue se opor à violência do macho, ainda que ele tenha mais força física.
"As observações mostram como as fêmeas de bonobos trabalham juntas para se proteger da violência masculina", disse a antropóloga biológica Laura Lewis, da Universidade da Califórnia, Berkeley.